
Junho chega e, com ele, o cheiro de milho, amendoim e especiarias toma conta de quermesses, escolas e igrejas por todo o Brasil. As festas juninas são uma das maiores expressões culturais do país e a comida típica tem papel central nesse imaginário coletivo.
Raízes históricas e simbólicas
As festas juninas têm origem nas celebrações europeias do solstício de verão, cristianizadas como festas de santos populares: Santo Antônio, São João e São Pedro. No Brasil, a tradição foi ressignificada com influências indígenas e africanas, ganhando forte identidade rural.
O historiador Luís da Câmara Cascudo destaca que a festa assumiu um papel importante na vida do interior do país, especialmente por coincidir com a colheita de alimentos como o milho, o ingrediente mais presente nas mesas juninas.
Milho: o ingrediente símbolo
A Embrapa aponta que o milho tem seu auge de colheita entre maio e julho, o que explica sua forte presença nos pratos da época. Pamonha, curau, canjica e bolo de milho são receitas que atravessam gerações. Mais do que práticas, essas comidas representam fartura, agradecimento e vínculo com a terra.
Sabores que despertam afetos
A comida junina vai além do sabor. Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva (2022), 64% dos brasileiros apontam a culinária como o principal símbolo das festas juninas. Entre memórias de infância e encontros comunitários, os pratos típicos carregam afeto e tradição.
Essa memória afetiva também se mostrou presente durante a pandemia. Sem festas presenciais, muitas famílias mantiveram a tradição por meio de kits juninos e entregas de pratos típicos, como apontaram dados de apps de delivery em 2020 e 2021.
Culinária diversa e regionalizada
A comida de festa junina varia de acordo com a região. No Nordeste, predominam o bolo de macaxeira, o cuscuz, o mungunzá salgado e pratos com leite de coco. No Sudeste, são comuns o arroz-doce, o pé de moleque, a paçoca e o quentão. Essa diversidade revela a riqueza cultural do Brasil e reforça o papel da culinária como patrimônio imaterial, como reconhece o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Tradição que se reinventa
Mesmo nas cidades, onde os festejos ganharam novos formatos, a culinária permanece como elo entre passado e presente. Cozinhar uma canjica ou compartilhar uma fatia de bolo de fubá é também uma forma de manter viva a cultura popular brasileira. Mais do que festa, a comida junina é memória, encontro e resistência.
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1 respostas em "Comida de festa junina: memórias, sabores e tradições que aquecem o coração"
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