A maioria das pessoas não aposentadas que responderam à 8ª edição da pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro, da ANBIMA, ainda não começou a formar uma reserva financeira para a aposentadoria. Cerca de 82% declararam não ter iniciado essa preparação. Além disso, aumentou o número de pessoas que não pretendem economizar para essa etapa da vida em relação à edição anterior do levantamento. Entre quem ainda não realiza investimentos, o percentual é ainda maior: um terço afirma não ter a intenção de guardar dinheiro para a aposentadoria. Por outro lado, metade das pessoas que ainda não se aposentaram espera contar com uma alternativa à previdência pública no futuro.
Os resultados revelam que, além da ausência de planejamento e da alta dependência do INSS, existe um descompasso entre expectativa e realidade sobre as fontes de renda na aposentadoria. Em 2024, a intenção de poupar caiu: 55% ainda não começaram, mas pretendem se preparar (eram 58% em 2023), e 27% sequer pensam no tema (contra 23% no ano anterior).
A pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), em parceria com o Datafolha, traça anualmente um panorama do comportamento do investidor brasileiro. Nesta edição, foram ouvidas 5.846 pessoas em todo o país.
Embora a poupança voltada à aposentadoria ainda não esteja no radar da maioria, mais de 59 milhões de brasileiros investem em produtos financeiros, um crescimento contínuo: de 31% em 2021 para 37% em 2024. Ainda assim, 32 milhões de pessoas permanecem fora do mercado financeiro, mesmo tendo recursos disponíveis para investir.
A pesquisa dividiu a população em quatro grupos. A Caderneta de Poupança continua sendo a principal porta de entrada, sendo o único investimento para 10% da população. Apesar de permanecer como o produto mais utilizado, perdeu espaço nos últimos anos para títulos privados, fundos de investimento e criptomoedas. Em 2024, o uso da poupança recuou dois pontos percentuais, chegando a 23% (o mesmo patamar de 2021), enquanto outros produtos mantiveram estabilidade ou crescimento. Segundo a ANBIMA, dois fatores explicam o movimento: a necessidade de usar recursos para consumo imediato e a busca por alternativas com melhor rentabilidade e isenção de imposto de renda.
Outro dado relevante é que apenas 17% das pessoas aplicam em mais de um tipo de produto financeiro. Cerca de 12% conseguem economizar, mas não investem, e 52% não poupam nem aplicam seus recursos.
Imóveis como principal destino
Uma parcela expressiva da população (74%) ainda vê a compra e venda de imóveis como forma de investimento. Além disso, muitos direcionam seus recursos financeiros com o objetivo de realizar o sonho da casa própria: 31% pretendem adquirir um imóvel com o retorno obtido nas aplicações.
A segurança financeira é a principal vantagem percebida ao investir, tanto entre quem já investe (43%) quanto no público geral (35%). O retorno financeiro aparece em segundo lugar e tem ganhado força como motivação, citado por 30% dos investidores e 25% da população total.
Estresse e apostas online
O levantamento da ANBIMA também avaliou o nível de estresse financeiro, considerando preocupações cotidianas com o dinheiro. Metade das pessoas relata alto nível de tensão, diretamente relacionado ao desequilíbrio entre renda e gastos.
Comportamentos recentes, como o avanço das apostas online, também foram analisados. Em 2024, 15% da população, cerca de 23 milhões de pessoas, realizaram pelo menos uma aposta em plataformas digitais. Esse percentual supera o de usuários de produtos tradicionais, como títulos públicos, fundos e ações. O alerta está no fato de que quatro milhões consideram as apostas uma forma de investimento, e, entre os que apostaram, três milhões (12%) demonstram forte propensão ao vício.
Um terço da população declarou estar com dívidas em atraso, índice que sobe para quase metade entre quem aposta. A relação entre endividamento e estresse é direta: 66% das pessoas com dívidas relatam alto nível de preocupação financeira.
Futuros investidores
Apesar dos desafios, a pesquisa aponta uma tendência de crescimento do número de investidores no país. Ainda há amplo espaço para novos participantes, especialmente entre aqueles que possuem recursos, mas ainda não aplicam, e entre os que desejam reduzir a dependência exclusiva do INSS na aposentadoria.
Caso as projeções da ANBIMA se confirmem, o contingente de investidores deverá crescer em quatro milhões de pessoas nos próximos anos, passando de 37% para 39% da população. Hoje, seis em cada dez brasileiros ainda não investem, mas metade (51%) pretende começar.
O relatório completo da 8ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro está disponível no site da ANBIMA: www.anbima.com.br
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1 respostas em "Apenas uma em cada dez pessoas investidoras aplica recursos com foco na aposentadoria"
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